Eu desenhava estrelas imaginárias no escudo da noite, negro e impenetrável, e não guardava números na memória, e procurava o refrigério do vento, o silêncio do desapego, a moral dos pecadores, o encanto da excrescência, a verdade e o abismo, o sentido e sua negação.
Sei apenas que me sobrou um cata-vento, deixado ali por qual mão não sei sobre meus livros novos. Que faria eu com ele? Com suas cores e seu modo particular de girar o mundo? Não sabia.
Voltei à casa, agora uma estalagem no vértice da cidade.
Perguntei ao porteiro o ano em que estávamos... – Voltamos a 1914.
Treze voltas no estômago, duas borboletas saltadas da boca.
Tantos anos em treze dias...
(Fragmento de algo maior...)
...
[pintura de Bruno Vilela]
5 comentários:
Antes de se procurar, é interessante se definir (pelo menos em pensamento) aquilo que se quer achar, de contrário apenas o aleatório aparece.
Pois enquanto você não sabia o que fazer com o canta-vento, ele já fazia por você...
Gostei do texto. Se um dia do conseguir voltar a 1975, por aí...pega um autógrafo do Ian Curtis pra mim (de preferência junto com um cd) rsrsrs...
xrin...fuiii
; )
sim, ele já fazia...girava o mundo com seu vento produzido e de papel...
oush, trago demais!! pra compensar postais e marcadores nunca agradecidos ;)
=*
Muito me alegre as tuas palavras, pois sei, visto pelo o que tu escreve, que é comum entre nos tal misto de estranhamento e beleza diante da vida...
Um domingo sem textos novos pra ler aqui é uma noite de flores a menos... fria noite.
Abraços.
eu até ia falar que tinha gostado da história do cata-vento,que achei fantástico a quantidade de voltas que deu o estômago...eu até ia comentar o tanto que gostei do texto,o quanto me identifiquei com uma certa lacuna no tempo,lacuna daquelas que não percebemos até ter a coragem (ou o desrespeito) de perguntar a alguém...até ia comentar,mas deu uma preguiça do colar no word.
até o ano que vem meu grau no olho esquedo vai crescer em 0,75...não consegui ler...
aí entaum vc aumenta 0,75 nas lentes e daí problema resolvido...
meu querido poeta desorbitado e lacunar ;)
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