- Disse um bêbado faminto a uma esperança inusitada. Depois, colocou aquele cisco-verde, com todo-o-cuidado-do-mundo, no galho mais protegido que imaginou, mas não tardou até que um pé estranho o encontrasse. Uma senhora que calçava 36 e voltava da feira com um menino carregador, que levava as compras numa cesta improvisada sobre os próprios ombros, em troca de alguns centavos e duas maçãs. E assim a esperançazinha do bêbado faminto foi esmagada para sempre, sem que nunca ele soubesse do fato. Mas eu sabia, e resolvi contá-lo aqui, sabia de dentro do bêbado, de dentro da poeira-verde, de dentro da sola da sandália sem bom acabamento da senhora de modos grosseiros e pés pesados. Sabia ali, do outro lado da rua, atrás do homem do carrinho azul de pipocas.
Onde o pedaço de branco-e-preto?
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Não posso. Peça ao Pedro ou ao João. Apele para Jesus com esse terço em suas mãos. Renda-se e se entregue àqueles homens, mesmo que salva agora pareça. É sonho impossível um modo escondido de se esconder sua cabeça. Há apenas o tal machado e o teu caminho...até ele. Não chore, minha querida. Esmague essa menina avessa ao seu estado de mundo atual. O segredo é roubar das coisas as cores com esse pedaço de branco-e-preto. Assim ensinará teus olhos a melhor ver...nunca mais sendo surpresa o outro-demônio daquele que aparecer...
Postado por
Ângela Calou
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00:29
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7 comentários:
E mais uma vez um estilhaço (livre inspiração em tigelas)mas não como pedaço de algo sólido, quebravél... mas sim um estilhaço de luz cinza que atravessa a cena.
e as suas luzes estilhaçadas, de que cores serão? ansiosa para lê-lo...
Eu sou uma embriagada com a vida, mas por hora acho que minha esperança ainda está pendurada no galho da árvore!
P.s: Saudades de nossas conversas!
Tu sumiu, sumiu!
=/
...Talvez sejam fragmentos mais coloridos que a cor materna de tudo isso. Talvez. Talvez se reinvente e reinventando se fortaleça. Talvez não. Talvez os estilhaços invisíveis que só os inteligen...ops...bêbados podem ver sejam incolor, sequer branco e preto, incolor... de desesperança...da cor morta dentro da cor.
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é bem provável que não seja uma texto cômico,mas me dei o direito de rir. A esperança do homem bebado esmagada por uma mulher que vinha da feira!!! é por isso que nunca casei,ou minha esperança teria o mesmo fim ( isso foi uma piada).
sim Rafael,a matéria bruta da reinvenção...por isso, onde o pedaço de branco-preto? se se descolore, se pode rearranjar as cores depois...e do modo ébrio que se bem queira...
quanto à senhora, Dona Moça, será que aquela tese sobre a população caririense (199 pessoas, a 200ª era Ezequiel) não se aplica mais? Sim, porque nunca te vejo! saudades tb =]
eita Ezequiel canalha...mas com teu humor ao modo de nosso amigo Tcheco, dá pra ouvir daqui teu riso quanto ao pobre cisco verde...esmagado por um pé de feira...e sim, eu tb ri!
Não me admira nonada
Surja esse pé sem tardança.
Que o fim de toda esperança
É mesmo ser esmagada.
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