Duo pianíssimo: Fragmentos d’Alice em seu País a quatro mãos (duas de Rafa assim em branco e sem H, seguidas das minhas assim em sombra e de esguelha)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

E eis que uma Alice cresceu. Timidamente. Travesti das escolhas pós traumáticas que lhe couberam. Isolante e isolada. Foi indo, assim.
Até resolver crescer mais. Afinal, se foi inventado merthiolate que não arde, Alice também poderia deixar de arder. E se reinventar. "Chega de Alice jaz!". Do isolada, abstraiu "alada". E voou.


(E cresceu como quiseram todos: em líquidos, pernas e peitos, em curvas e imaginação. Suprassumiu o espaço onde derraparam aquelas mãos maiores que as suas, e de tanta pena que um dia teve de si, conseguiu matéria-prima para duas asas inteiras: voou. – Vou, ou... – pensou).


Alice, agora, jazz. Alice, agora zazzz!
Agora, Alice, jazz and soul. Alice, agora: sou!...and so on...


Alice experimental. Alma improvisada. Por que não? Transformar toda tensão em intenção. Todo o tenso em intenso. Permitir-se. E viver intensamente. Descobrir-se e cobrir-se com Rafael, Samuel, Angela, Cristina, Isabel, Elandia e Ezequiel.


(Alice espere: menta... sobre a pele. Merthiestiolamento, ar demais. Em prol do riso visa ação: alma em reboliço, volição... Alice na moda, versão modificada: quem sabe façam um filme sobre?, e a cada um caiba uma ponta: Ever-landia, Haze-quiel, Raus-fael, Quiz-tina, Dingo-bel, Hã?-gelada e Sans-muel – personimagens provisórias que Alice pensa, (pre)tensa toda screen em Third stream).


Assim, Alice cresceu mais. As gargalhadas histéricas às vistas alheias eram fato. E fato é prova. Comprovava: Nunca estava sozinha. Estava feliz.
Porém...Era triste. Era sozinha.
E sendo sozinha, Alice chorava. "Dry Matírio".
Ba tom e Lábios Vermelhos. Red label Tom ba.
Alice chorava,
Alice cheirava. Pó. In wonderland.


(Alice crê ser mais. Galharda terna... Pavana bi...nária. Entrega-se à glória da companhia alheia (embora talvez a janice lhe parecesse bem mais bonita). Hilsteria. Nunca mais só... mais um Chope, and Hauer na TV do bar. Pó-rém: quando pedia o seu McLanche (e ,diga-se, feliz) ao moço vestido de frango, o palhaço da caixinha roubava-lhe a graça com negrito verdana 14: “Alice In Feliz Em seu País Maquiavilhoso” – dizia. Em riste o dedo, com pressa comprime a narina. Alice won?... with white wings and sad songs, neva in Wonderland. Alice corre, carreiras rápidas na grama – 5g precisamente).


E, crescendo, cresceu mais. Tanto, até disserem-lhe que "crescer" era uma doença.
Quiseram tratar de Alice. Mas Alice não era um Tratado.
Quiseram curar Alice. E, nisso, muito calor e frio se passou.
Até a julgarem curada por eles. E Alice admitia isso.
Sabia da mentira, cuja verdade ela guardava pra si: "Me curei. Só. E curar, nada mais é do que o estado de graça de manter-se curada. E sã".


(Recendeu. Partiu a crosta, sarou a casca... sacou a rolha derramando-se para fora definitivamente, dessa vez apenas por sua vontade... mas cuidado Alice, tire já esse dedo da tomada! A vida afasta com o pé a tampa do ralo, e esgoto abaixo tudo pode escapar outra vez. Alice, mesmo maior, era ainda um planetóide, Astér sem Oide em relação aos demais, menina de mais, que desde seus poucos anos sabia que graça rima com farsa, e muito bem!).

Alice diminuiu. Muito. E voltou.

Conheceu um rapaz. Teve filhos. Junto a ele, foi até onde pôde. "Até onde pôde" foi o momento onde quis transmutar: "Transmutar era necessário". E se isso era construir sentidos foi necessário afastar-se do marido. Em cuja cabeça trasmutar era apenas algo como... mudar de transa.


(Alice quase! Agora casada, e então desasada, do cara a mulherzinha – Aliciada, Ali...piada de cama e cozinha. No entanto, leu Sacher-Masoch, emprestado da biblioteca numa tarde fresca de domingo. Matou o marido com golpes de pensamento! Frieza e crueldade dilataram as pupilas bonitinhas).


Da infância breve,

Alice, Viole(n)ta(da).

Da alma ferida,

Alice, que Sof(r)ia.

Arrancaram-lhe tantos pedaços. E mesmo com tantas divisões, ainda assim era número inteiro.

Alice que Luzia,

Que agora era Maria,

Das Dores...e Mãe.

(Alice que, menina, tanto tentou utopalizar as Dores do Mundo. Alice que, mulher, viu que às vezes não é bem assim. Alice que, mãe e mesmo com tantos espinhos, conservou para sempre um gomo rosa na cabeça... Um dia é certo que diga para si e assim se eleve: “Apesar de tudo, e ao pesar de tudo, [torno-me] Leve...”).



[Idéia de Rafael, Alice por nossas mãos. Feliz pela partilha. Visitem: Mim(es): Apesar de tudo, e ao pesar de tudo, Leve...: http://rafaelcsoares.blogspot.com]

[Imagem de Alice nas Cidades (Alice in den Städten, 1974)]

2 comentários:

Rafael disse...

Gostei bastante da produção...ato e re-ato, a quatro mãos.
Alice foi...
Ali se fez uma bela construção.

Embora o real,
seja grotesco.

Grato pelo desenvolvimento conjunto Angela.
E Samuel, claro. Afinal imagino um sopro dele (no mínimo) por aqui...

; )

Ângela Calou disse...

=]