Fícus Benjamim

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Quando no campo tombou o último benjamin
O sonho amarelo deixou para sempre de ser meu
Já não aquecia os campos, já não derretia calotas
Já não guardava o horizonte com medo de perdê-lo para estrela de maior porte

Quando no campo calou-se o último benjamin
Danado por um vento ébrio e desordeiro
A lua tornou-se no céu muito triste e desocupada
Como a tampa metálica de uma lata de ervilhas escurecida por mutismo oxidante

Quando no campo apenas o espaço contado
Apenas o tempo medido e a
intuição de nada poder
Eis que meu crime-castigo de escambo: a alma pela visão antecipada do cadafalso que não tardaria

E assim, fim do amor comum pelas árvores antigas
Das paisagens a óleo e das delícias da imaginação
Começo do algodão ocre deitado sobre a língua adoecida
e de meu corpo torturado em ato espontâneo de imolação

1 comentários:

hueliton right critic disse...

Literalmente viajei.. consegui ver paisagens incríveis. É impressionante o poder que um bom texto tem de nos reportar a outros mundos.