Do espólio das melancolias dos passeios de além-mar

sábado, 27 de março de 2010



(ex)pôr à prova
o corpo à mostra
o mote, a disposição
(à disposição)
a des-posição do outro - ar
que textura é coisa
para saber pelas mãos
em um junto de signos vivos
incapazes de ortodoxia





quando (a)postas cartas delicadas de baralho ou de amor
delato de argúcia em superfície que esmiuça o sentido da ligação
do sentido o sentido que escapa à tutela da pobreza do mero pensar

pensar é tão pouco! - pensaste comovido
parcial, mentes tímido como aquele que não quer vencer
paliçadas para assim deter, pois de ter não sabes nada

é certamente a miopia espiritual a grande causa da cegueira em nossos tempos - diz o relato de especialistas
é certamente a deposição das luvas a condição da bela execução, do conservar das cordas afinadas em quintas ou não

vert-de-gris
pátina formada ao tempo da maneira negra de nossos desveios
como a superposição de cores na madeira morta de nossa impressão
as tintas com o passar dos anos e dias... desacontecem

(Para meu amigo Samuel, pelas benditas "ameixas que nunca vieram" no sábado certo)

2 comentários:

Francisco José disse...

Me permita dizer que fico pasmo como você perambula pelo mundo das palavras com tal desenvoltura, logo eu que me sinto um bárbaro nesse mundo tão belo e posso cometer a heresia de assumir isso usando essas mesmas palavras que em sua pena transformam-se em flores...

Ângela Calou disse...

Ah, que delicadeza... Fico feliz se desveios e desvios significaram, se em alguma hora pena vazou flor além de tinta... Obrigada pela visita.